Novo ministro da Justiça afirmou em entrevista após tomar posse que na
sexta-feira conversará com o diretor da Polícia Federal, Leandro Daiello,
durante viagem a Porto Alegre.
Por
Gustavo Aguiar e Fernanda Calgaro, G1, Brasília
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O novo ministro da Justiça, Torquato Jardim, durante entrevista no Palácio do Planalto após tomar posse (Foto: Isac Nóbrega/PR) |
O novo ministro
da Justiça, Torquato Jardim, afirmou nesta quarta-feira (31), em entrevista
coletiva após tomar posse,
que a definição sobre uma eventual mudança no comando da Polícia Federal deverá
levar mais que dois meses.
Jardim fez a
comparação com o período em que atuou como ministro da Transparência. Segundo
ele, o critério que adotará na Justiça será o mesmo.
"Adotarei
o mesmo cuidado, a mesma serenidade que adotei no Ministério da Transparência.
Passei dois meses estudando o ministério", disse Torquato Jardim,
complementando que as mudanças "foram mínimas".
Segundo ele, no
Ministério da Justiça, "vai levar mais tempo, talvez, porque é um
ministério oito vezes maior".
Em outro
momento da entrevista, diante da insistência de jornalistas sobre a permanência
do diretor-geral Leandro Daiello no comando da PF, Jardim afirmou: "Eu
respondo daqui a dois, três meses, quando analisar melhor o quadro".
Para Torquato
Jardim, o fato de Daiello estar no cargo desde 2011 não influenciará a decisão
sobre a continuidade dele na função. Segundo o ministro, a antiguidade
"não é fato relevante na análise que vamos fazer".
O ministro
afirmou que, na sexta-feira (2), viajará junto com Daiello para Porto Alegre, a
fim de participar da posse do novo superintendente da Polícia Federal no Rio
Grande do Sul.
"Ida e
volta são quatro horas de conversa. Acho que vai dar para aprender alguma coisa
com o diretor da Polícia Federal", disse.
Antes de
encerrar a entrevista, questionado diretamente por uma jornalista sobre se
confirmava a permanência de Daiello no comando da PF, o novo ministro da
Justiça disse que, neste momento, "não cabe essa resposta".
"Eu disse
várias vezes: vamos conversar, vamos viajar juntos, vamos conversar sobre a
Polícia Federal para que eu conheça o ambiente. Até porque estou também estou
sob avaliação. Posso ter que ir embora daqui a algumas semanas, sabe-se
lá", afirmou.
A mesma
jornalista insistiu e perguntou então se ele não descartava a troca na
direção-geral da PF. "O mundo não é maniqueísta, preto e branco, sim e
não", disse.
Lava Jato
Ele também
negou uma suposta intenção de inibir a Operação Lava Jato, que investiga, entre
outros, o próprio presidente Michel Temer, ministros e parlamentares da base
governista.
"A Lava
Jato é oportunidade única de se construir uma nova ética pública",
declarou. "É um programa de Estado. Não é coisa de governo, [é] uma
vontade de Estado, da sociedade brasileira", afirmou.
Processo no TSE
Ex-ministro do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Torquato Jardim contestou informações de que
a escolha dele para o ministério se devia a uma suposta influência sobre os
ministros do tribunal.
Na próxima
semana, o TSE retomará o julgamento do pedido de cassação da chapa Dilma-Temer,
eleita em 2014.
Na avaliação de
auxiliares de Temer e de integrantes de base aliada ouvidos por colunistas do
G1, com a destituição de Osmar
Serraglio e a nomeação de Jardim, o Planalto espera
melhorar a interlocução do governo nos tribunais às vésperas do julgamento no
TSE.
"Se eu
tivesse todo o prestígio que a imprensa me atribuiu, eu não assumiria o
Ministério da Justiça, eu voltaria para o escritório de advocacia. Se quisesse
praticar algum ato nas sombras, eu continuaria no Ministério da Transparência,
não no da Justiça, até porque metade de vocês nem sabe onde é o Ministério da
Transparência. Não tem qualquer fundamento isso", disse.
Interrogatório de Temer
O ministro
também falou nesta quarta sobre o interrogatório do
presidente Michel Temer, autorizado pelo ministro do STF Luiz
Edson Fachin, relator da Lava Jato.
"Não
conheço os autos, o processo nem a execução do depoimento. Por prudência
mínima, vou deixar para responder a esta pergunta quando conhecer o limite da
decisão e análise técnica da fita da gravação. Um perito aponta 50
manipulações, outro, 70 manipulações. Então, é preciso aguardar o
depoimento", afirmou.
O
interrogatório foi autorizado por Fachin com base nas delações de executivos da
JBS na Lava Jato. Segundo o Ministério Público, há indícios de que Temer e o
senador afastado Aécio Neves atuaram em conjunto para barrar a operação.
Foro privilegiado
Durante a
entrevista após tomar posse, Torquato Jardim foi questionado sobre se o foro
privilegiado se tornou uma "blindagem a políticos". O ministro,
então, respondeu que há "prós e contras", mas, como "advogado
militante", se disse contra.
"O
problema operacional dessa perspectiva [é que] não se imaginava tanta gente
[com foro] no STF. A norma foi concebida para dezenas de pessoas, não centenas.
O STF não tem capacidade para tratar de tudo isso", afirmou.
Para o
ministro, contudo, é importante saber se a primeira instância está "bem
preparada" para processar políticos.
Orçamento da PF
Torquato Jardim
afirmou que tem o compromisso de buscar garantir recursos para a operação da
Polícia Federal.
"Isso faz
parte da avaliação que vou fazer, dos meios e mecanismos que vou fazer. [...] O
esforço será prover a Polícia Federal tanto quanto possível em relação ao
financiamento. O compromisso é que a Polícia Federal tenha, na medida do espaço
possível do orçamento, os melhores equipamentos."
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Torquato Jardim discursa durante cerimônia de posse como ministro da Justiça |
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